quinta-feira, 10 de novembro de 2011

TEM QUE OUVIR: Pearl Jam - Ten (1991)

É plausível entender o movimento grunge como restrito a um período, já que muitas bandas ficaram no passado. A exceção talvez seja o Pearl Jam, que sobrevive lotando estádios, lançando discos e comprando brigas na indústria da música. Mas essa força tem como origem o Ten (1991), álbum de estreia do grupo, que chamou atenção logo quando lançado, chegando a vender mais que qualquer outro disco das bandas de Seattle, incluindo o Nevermind do Nirvana.


É interessante notar que, se o Alice In Chains tinha o som bastante calcado no heavy metal e o Nirvana no punk rock, o Pearl Jam se aproximava mais do hard rock. Isso se explica no fato do grupo ter sido formado nos vestígios do Mother Love Bone, grupo atuante da região que terminou com a morte prematura de seu vocalista, o Andrew Wood. Musicalmente, o riff da ótima faixa "Once" já entrega esse tendência hard.

Assim como em outras bandas grunge, o vocalista é peça fundamental para formular o conceito e a imagem do grupo. No Pearl Jam, Eddie Vedder fez isso com primor, como fica claro nos vocais e na letra dramática do hit "Alive". Destaque também para o solo melódico de Mike McCready, que com seus timbres cortantes constrói momentos de grande qualidade guitarristica. Isso pode ser percebido também em "Even Flow", um dos hinos daquela geração, dona de riff e refrão pegajoso.

Tecnicamente, o músico de maior destaque é o baixista Jeff Ament, ora de forma pesada ("Why Go"), ora com sensibilidade e senso melódico incrível ("Black"). No entanto, seu melhor desempenho está na introdução de "Jeremy", gravada com um incrível baixo de 12 cordas. O clipe paranoico da música teve grande rotação na MTV, contribuindo para o sucesso da banda.

Jeff Ament ataca seu baixo fretless na acústica e "zeppelina" (os violões são total Jimmy Page) "Oceans". Na sequência temos "Porch", música com solo extremamente simples e melódico, característica que o grunge trouxe para década de 1990, sepultando a virtuosidade gratuita do hair metal.

Já as letras tipicamente desiludidas e melancólicas do grunge aparecem na ótima balada "Garden" e na esquizofrênica "Deep", mais uma vez repleta de ótimas guitarras.

A longa "Release" encerra o disco da mesma forma que começou, com ritmos tribais, guitarras ruidosas, sussurros de Eddie Vedder e linha de baixo minimalista. Sem dúvida um álbum essencial que abriu as portas mercadológicas para uma nova e excelente safra de bandas, e também para as famigeradas camisas de flanela.

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