terça-feira, 15 de março de 2011

O melhor do metal farofa/hair metal/glam rock/hard rock oitentista

O hard rock é um gênero que surgiu no final da década de 1960 para denominar bandas que tinham um som mais rápido e pesado do que era feito até então no rock n' roll. Entre os principais nomes deste período estão o Deep Purple, Led Zeppelin, Grand Funk Railroad, UFO, Free, Bad Company, Nazareth, Kiss, Aerosmith, AC/DC, Thin Lizzy e Scorpions.

Já nos anos 80, com a popularização do Mötley Crüe, começaram a surgir bandas que tinham como característica o peso e o alto astral do Van Halen com a aparência "espalhafatosa" de grupos do glam rock, como o T. Rex. Maquiagem pesada, roupas transvestidas, cabelos volumosos, virtuosidade gratuita, timbres pasteurizados e canções irregulares dominaram a programação da então novata MTV americana. Dentre as bandas que tinham essas características estão:

- as piadas: Tyketto, Nitro, Nelson, Winger, Warrant, dentre tantas outras aberrações.
- os fracos: Quiet Riot (nem a fase com o Randy Rhoads salva), Poison (a fase final com o Richie Kotzen é aceitável), Bon Jovi (nem o Richie Sambora salva, nem no auge era grande coisa), Twisted Sister (algumas faixas pesadas até que são legais, mas no geral é galhofa) e Europe (que só foi ficar legal recentemente, sendo que o John Norum é um bom guitarrista).
- os extremamente irregulares: Dokken, Danger Danger e Mr. Big (todos "salvos" pelos excelentes guitarristas).
- os veteranos que se contaminaram pelo estilo e se deram mal: Kiss, Scorpions e Ozzy Osbourne.
- e os brasileiros que, dentro da nossa tosquice, se deram bem: Robertinho de Recife (fase Metal Mania), Banda Taffo, Dr. Sin e Cavalo Vapor.

O estilo hoje é lembrado somente pelos grupos horríveis (visualmente e musicalmente), mas a verdade é que outras grandes bandas também surgiram, postarei aqui algumas delas:


Mötley Crüe
Se eu tivesse que "salvar" apenas uma banda do hair metal, o Mötley Crüe seria a escolhida. Com visual espalhafatoso, canastrice divertida e peso consistente, a banda lançou bons discos e se destacou por ter o ótimo baterista Tommy Lee e o subestimado guitarrista Mick Mars. Tudo que surgiu depois foi uma caricatura de Mötley Crüe. Uma festa em L.A. regada a cocaína, coelhinhas da Playboy e os integrantes Mötley Crüe está no imaginário de qualquer rockeiro. Shot At The Devil (1983) é um clássico, sendo que até o Mötley Crüe (1994, já com o John Corabi nos vocais) vale escutar tudo.

Def Leppard
Se no começo da carreira o Def Leppard era posto ao lado das grandes bandas da NWOBHM (vide no ótimo On Through The Night, de 1980), com passar dos anos o grupo foi de encontro ao hard rock americano, chegando ao ápice da popularidade com o disco Pyromania (1983), um clássico do período. A produção assinada pelo Robert "Mutt" Lange é polida demais para meu gosto, mas as composições são boas. Todavia, nem adianta acompanhar depois disso porque a banda caiu num limbo de mediocridade impressionante.

Night Ranger
Devo confessar que adoro o primeiro disco do Night Ranger, Dawn Patrol (1982). Culpa da excelente dupla de guitarristas formada pelo Jeff Watson e Brad Gillis. Tem muito do cruzamento do AOR com hard rock que fez enorme sucesso naquela época (principalmente com o Journey), só que aqui soando mais "rockeiro" e virtuoso.

Ratt
O Ratt é das bandas de maiores sucessos do hard rock, sucesso esse que não chegou ao Brasil. Muito dos méritos do grupo se deve ao ótimo guitarrista Warren DeMartini (ao lado do George Lynch do Dokken, o principal nome da guitarra hard dos anos 80). De tão boas que eram suas ideias, ele conseguiu arrancar elogios de gente como Frank Zappa e Billy Gibbons (ZZ Top). É uma genuína banda de rock n' roll, mas com a produção ditada pelo mercado da época. Out Of The Cellar (1984) é um tremendo álbum.

David Lee Roth
Se a saída de David Lee Roth foi um susto para os fãs de Van Halen, o lançamento do espetacular disco Eat 'Em and Smile (1986) foi motivo de comemoração. Trazendo ninguém menos que o guitarrista Steve Vai e o baixista Billy Sheehan e o baterista Gregg Bissonette, fica fácil gostar do som que se ouve. Mas recomendo levar com humor o estilo canastrão do Lee Roth.

Whitesnake

Não gosta da pasteurização sonora que medalhões como Kiss, Scorpions e Ozzy fizeram ao ir de encontro ao som vigente do hard rock. Na minha visão, quem soube adentrar o estilo com dignidade (e grande sucesso comercial) foi o David Coverdale e seu Whitesnake, começando já no Slide It In (1984), passando pelo Whitesnake (1987, com o ótimo John Sykes nas guitarras) e indo até o Slip Of The Tongue (1989), sendo que esse último juntou um time fantástico (Steve Vai, Rudy Sarzo e Tommy Aldridge). Claro, tem suas galhofadas e baladas terríveis, mas vale conferir mesmo assim.

Blue Murder
E o que fez o John Sykes pós Whitesnake? Montou o Blue Murder ao lado do veterano Carmine Appice e do brilhante baixista fretless Tony Franklin. O resultado alcançado no debut (lançado em 1989) tem a polidez típica do período, mas também com peso de power trio. Eu gosto.

W.A.S.P.
Liderado pelo carismático e infame Blackie Lawless, o W.A.S.P. se consagrou por apresentar um peso extra dentro da estética hard/heavy oitentista. Até o visual era mais "satânico". Por mais que o debut do grupo seja tido como um clássico do estilo, acho o The Last Command (1985) e The Crimson Idol (1992, com certa influência de The Who) bem mais legais, tanto nas composições quanto na produção e execução.

Tesla
Confesso que só conheço o álbum de estreia da banda, o Mechanical Resonance (1986), que acho bem legal. As composições são criativas (sem fugir da "estética hard rock"), tem um espírito rockeiro genuíno, a produção não é tão pasteurizada e é muito bem tocado. É o suficiente para admirar.

Guns N' Roses
Falar de Guns N' Roses é chover no molhado. Appetite For Destruction (1987) é um dos melhores discos do estilo. Na verdade, é das melhores estreias da história do rock. Depois a banda perdeu a mão com a grandiloquência insana do Axl, mas ainda assim escreveu seu nome no rock.

White Lion
Na real nem é grande coisa, só acho o Vito Bratta um tremendo guitarrista e fico admirado com sua performance no disco Pride (1987). Ele tá desenfreado. Sempre escuto abismado e com um sorriso no rosto. É o suficiente. Obs: que fim levou ele?

Cinderella
O visual era horrível, os clipes eram patéticos e o nome da banda é uma piada, mas o Cinderella era um bom grupo, que tinha como características refrães marcantes e uma bela pitada de AC/DC nas guitarras, ainda que com uma produção por vezes excessivamente polida e datada. Long Cold Winter (1988) é uma boa porta de entrada ao estilo. Lembrando que o grande Cozy Powell chegou a gravar a bateria de algumas faixas.

The Cult 
O The Cult não era uma banda do autêntico hard rock oitentista. Tava mais para um "hard gótico". Todavia, almejando o sucesso das bandas do estilo, apostou num hard mais tradicional. O resultado foi Electric (1987), aquele que pra mim é um dos melhores disco de hard rock da década de 1980, com faixas excepcionais movidas por riffs certeiros (mais uma vez à la AC/DC), a voz marcante do Ian Astbury e a produção impecável de Rick Rubin. O bom Sonic Temple (1989) segue a mesma linha.

Badlands
Banda formada pelo guitarrista Jake E. Lee (ex-Ozzy) e o baterista Eric Singer (atual Kiss). Se a qualidade técnica é inquestionável, o que chama atenção mesmo são as composições. Algo entre o hard rock 70' e o blues rock, mas embalado na estética da época. O homônimo disco de estreia do grupo lançado em 1989 é bem legal.

Lynch Mob
Embora reconheça o grande guitarrista que o George Lynch é, nunca tive muito saco para os discos do Dokken, tanto devido as composições quanto a produção polida. Mas o Wicked Sensation (1990), a estreia do Lynch Mob, eu acho bem legal. O guitarrista tá voando, há um peso consistente e mesmo o vocalista Oni Logan me agrada, ainda que explorando todas as afetações do hard rock, que aqui descem bem.

Extreme 
Tá certo que o Extreme é uma banda já da década de 1990, mas um dos melhores discos daquilo que é considerado hard oitentista é deles e se chama Pornograffitti (1990). Mesmo o III Sides To Every Story (1992) é bem bom. Isso prova que o estilo é claramente movido pelo som e não pela década. Nuno Bettencourt conseguiu mostrar que a virtuosidade do estilo conseguia se unir muito bem à boas melodias, grooves e riffs roqueiros. Se os músicos daquela época tivessem percebido isso, o gênero teria hoje uma imagem melhor. Mas a verdade é que o grunge fez questão de varrer tudo para o ostracismo.

Hardline
Já após a ascensão grunge, Neal Schon e Deen Castronovo formaram esse grupo com irmãos Gioeli. O resultado: o debut deles lançado em 1992 passou praticamente despercebido. Mas escutando é possível encontrar refrães pegajosos típicos do estilo, uma pegada rock n’ roll certeira (tem momentos à lá AC/DC) e ótima performance do guitarrista e do baterista. Acho legal.

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