sexta-feira, 9 de maio de 2025

ACHADOS DA SEMANA: Zé Coco do Riachão, Marisa, Dark Angel, John Hicks e Katsbarnea

Zé Coco do Riachão
Lembro de ler uma matéria na revista Guitar Player que falava do mitológico Zé Coco do Riachão, violeiro que ajudou na linguagem do instrumento. Fiquei com aquilo na cabeça, mas era criança, não havia internet e não consegui escutá-lo. Corta pra 2025: não é que a Marina Sena sampleou uma rabeca sua! Ao ler seu nome, corri pra, finalmente, ouvi-lo. Peguei dois discos no Spotify: Quatro Paredes e Brasil Puro. É algo bem tradicional e regional, como já esperava. Me falta repertório pra uma análise concreta. Restou a mim a superficial pesquisa e apreciação. Tem beleza, cores, sabedoria e certo virtuosismo. Bem folclórico. Pelo que li, o Tinhorão era um grande apreciador do artista.

Marisa
Mais uma daquelas grandes cantoras da música brasileira, hoje pouco lembrada. Viagem (1973) é um lindo disco, lírico em toda sua plenitude: no canto, nas melodias, arranjos. De sofisticação e bom gosto tão latente quanto discreto.

Dark Angel
Até então só tinha escutado a banda por cima. Mas eles voltaram, tocaram no Brasil e tão prometendo álbum novo sei lá quantas décadas depois. Hora de pegar o cultuado Darkness Descends (1986) pra ouvir. Pela época, dá pra dizer que tanto Metallica quanto Slayer tiraram muita coisa daqui. Ainda assim, achava que era algo mais lapidado. O monstruoso Gene Hoglan na bateria me levou a pensar assim. Mas é “apenas” o thrash metal oitentista na melhor forma. Bruto.

John Hicks
Hells Bells (1980). Não sei porque tinha salvo esse disco pra ouvir, já que ele é de uma elegância que não tenho. Um pianista de classe erudita num trio de jazz. Tudo tocado com fluidez e virtuosismo. Vale dizer que tem uma das melhores captação de baixo acústico que já ouvi, o que faz com que a pegada do Clint Houston soe uma cacetada, em alguns momentos se fundindo aos graves martelados nas cordas piano. Espetacular.

Katsbarnea
Armagedom (1995). Faz tempo que ouço falar desse álbum, então fui ouvir. É meio ruim, mas também um clássico da música cristã brasileira, do rock gospel e, de certo modo, do rock alternativo noventista. Digo isso porque não era uma banda que ficou fechada na igreja. Tem momentos prog (as partes mais legais do disco), outros pop-reggae, baladas horríveis, lampejos de hard-heavy e até algo parecido com o Gueto. Lembrando que na formação estava o ótimo baixista Jadão Junqueira, o guitarrista Deio Tambasco (que esbanja virtuosismo pra época) e o vocalista Brother Simion. A produção (polidamente datada) é do Paulo Anhaia. Atenção para a pavorosa capa. Escute por sua conta em risco.

quinta-feira, 1 de maio de 2025

TEM QUE OUVIR: Helmet - Meantime (1992)

Todos estão cansados de saber o quão efervescente foi o cenário do rock alternativo na década de 1990. Mas muito além dos grupos de Seattle, a ebulição se deu também via outras formas de rock, agregando caminhos menos ortodoxos ao hardcore e metal. O Helmet foi, em todos os sentidos, uma das bandas melhores sucedidas neste período.

Trazendo na liderança o Page Hamilton - guitarrista/vocalista/compositor com berço na cena jazz nova-iorquina e, posteriormente, músico queridinho de nomes como David Bowie (pois é!) -, o Helmet chegou ao sucesso comercial com o álbum Meantime (1992), lançado pela Interscope.

O som do grupo se consolidou e diferenciou dos contemporâneos ao se deslocar de qualquer "tosquidão". Há lapidação em meio ao peso e energia do grupo. Isso fica nítido logo na abertura do disco com a cavalar "In The Meantime".

"Iron Head" mostra que o Page Hamilton é um guitarrista tão bom que o refrão da música é um riff. Já seu solo fica entre a ruides e o virtuosismo outside. 

A forma com que as pausar são utilizadas em meio ao peso das guitarras e baixos em "Give It" gera um riff poderosíssimo. Adoro também como a voz do Hamilton aqui é muito mais melódica, remetendo involuntariamente a cena grunge. O mesmo vale para "You Borrowed"

É impressionante como apenas com poucas notas e uma acentuação rítmica envolvente o Page Hamilton consegue criar riffs incríveis, vide "FBLA II". Destaque mais uma vez para seu solo estranhíssimo.

Falando em ritmo, não dá pra restringir as qualidades do grupo apenas ao seu líder. O baixista Henry Bogdan tira um timbre ultra robusto fundamental para a sonoridade do disco. Já o baterista John Stanier (posteriormente Battles e Tomahawk) é um dos melhores da sua geração. Entre os destaques que mostram o poder de fogo da dupla está a densa "Turned Out".

No meio de tantas boas canções há um clássico do período, a irresistível "Unsung", faixa de groove tão martelante quando sacolejante.

Vale ainda deixar registrado que o disco teve engenharia do Steve Albini, mixagem do Andy Wallace e masterização do Howie Weinberg, uma ficha técnica de respeito e que, para mim, ajudaram a fazer deste período um dos mais exitosos em termos de produção na história do rock.

Esse álbum ajudou no desenvolvimento de diversos gêneros como o metal alternativo e post-hardcore, além de ter influenciado inúmeras bandas de new metal. Todavia, acima de tudo, ele é um apanhado de canções poderosas.

sexta-feira, 25 de abril de 2025

ACHADOS DA SEMANA: Swans, Cristina Buarque e King Sunny Adé

Swans
Sou daqueles que conheci (e adorei) a banda já na sua volta (mais precisamente em 2011). Normal pela minha idade. O problema é que nunca fui visitar o material antigo do grupo. Chegou a hora. Começando pelo início, Filth (1983), o caótico/maluco/abrasivo/violento debut. É um noise bastante rítmico e repetitivo. Gosto como eles criam cenários do inferno. Pra época soa bastante experimental. Muito bem produzido dentro da proposta. Por sua vez, o The Great Annihilator (1995), comparativamente parece bem mais “convencional”, explorando internamente a forma da canção, quase que numa junção de pós-punk, gótico, krautrock, industrial e shoegaze. Tem a densidade paranoica, mas também ecos de beleza. A Jarboe colabora muito para isso. Por fim o clássico Soundtracks For The Blind (1996), que embora aclamado, confesso que ainda não tinha escutado. Ele aponta para os rumos que a banda viria a tomar, se jogando em em climas inebriantes e imersivos de drone. Acho que no futuro eles lapidaram essa linguagem, mas pra época ele apresentou uma abordagem única. Disco longo, difícil, mas que se escutado com a disposição e atenção correta, levará a momentos de delírio. Bandaça.

Cristina Buarque
Se fosse verdade o respeito e apreciação pela tradição na música brasileira, Cristina Buarque seria muito mais reconhecida por uma nova geração. De voz precisa, seu maior êxito é entender as raízes do samba e explorar sem descaracteriza-lo. Um verdadeiro trabalho de pesquisa e prática. Prato e Faca (1976) foi a audição mais propícia para um domingo de Páscoa cinzento. Álbum lindíssimo, de arranjos, canções e performances do mais alto escalão do samba.

King Sunny Adé
Não conhecia, mas vi que a Pitchfork deu um 10/10 pro álbum Juju Music (1982), aí despertou a curiosidade. Superficialmente dá pra se enquadrar no afrobeat, embora a instrumentação e algumas características rítmicas e harmônicas o joguem no jùjú music, não que eu conheça ou saiba identificar tais características. O que sei é que é um álbum gostoso e hipnótico, de groove repetitivo e ótimas guitarras tocadas pelo próprio King Sunny Adé, que pelo que li é uma estrela da música nigeriana. A gravação é ótima e há alguns elementos psicodélicos. Embora dono de complexas camadas, é um disco de fácil absorção.

terça-feira, 22 de abril de 2025

Pitacos sobre o Coachella

Assim como acontece nos grandes festivais que rolam no Brasil, vi alguns trechos do Coachella pela TV, de modo que deu vontade de deixar registrado algumas questões.


Lady Gaga
Muita gente adorou, mas eu confesso que achei chatão. É aquele típico show feito para a TV e não pra quem está de corpo presente (algo que naturalizamos, mas é absurdo). Ela tem grandes hits, mas tudo recebe uma carga teatral enfadonha. Muito engessado, sem espaço pra banda de apoio. Simplesmente não é pra mim.

The Prodigy
Depois que o Keith Flint morreu, nunca mais tinha visto o grupo. Adoro eles e não queria ter uma impressão ruim, de decadência. Mas parei pra assistir e fiquei espantado. Tremendo repertório, presença de palco contagiante, peso estrondoso... que bandaça! Liam Howlett é um herói.

Green Day
Gosto da banda, mas o show deles virou aquele típico espetáculo de arena, que não basta tocar as músicas, tem que ficar o tempo todo tentando levantar o público, dando uma de Freddie Mercury de terceira categoria, pedindo para cantarem junto, para pularem. É tipo um show de pop punk onde a mestre de cerimônia é a Claudia Leitte. Além disso, vale dizer que as canções melhoram significativamente quando o Billie Joe Armstrong está com sua Stratocaster surrada. De Gibson entra naquela canções ambiciosas que, por melhores que sejam, me entediam. Queria ver a banda ao vivo (eles vão tocar em São Paulo), mas depois de assistir essa apresentação fiquei desmotivado.

Charli XCX
Redundante da minha parte, mas achei FODA! Sem banda, com playback, mas ainda assim sensacional. Ela tem um controle do palco absurdo (suada, apenas com um telão enorme e toda atenção nela). Repertório obviamente calcado no BRAT. As participações da Billie Eilish e da Lorde deram nova dimensão ao espetáculo. Adorei como os beats soaram saturados e pesadíssimos. Demais!

The Misfits
O Danzig tá lá, o Dave Lombardo tá lá, mas ainda assim nada parece funcionar. Fiquei surpreso como esse show tá ruim. Mal tocado, sem entrosamento... apenas uma noite ruim? Talvez, mas me frustrou.

Clairo
Ela é uma graça e as canções são bacanas, mas convenhamos, esse show só funcionaria num teatro do SESC. Num grande festival é muito cansado.

Beth Gibbons
Adorei ver ela. Ao contrário da Clairo, seja num teatro ou num enorme festival, ela domina o palco. Canções lindas, voz irretocável, ótima banda de apoio. Ainda meteu um "Glory Box" pra ninguém falar mal. Precisa urgentemente vir pro Brasil.

Darkside
Vi de relance, achei consistente, com momentos densos. Preciso dar uma atenção melhor pro projeto.

Viagra Boys
Um tremendo show de rock. É punk, tem sax, tem energia, um frontman espetacular. Outro show que precisa rolar no Brasil o mais breve possível.

Yo Gabba Gabba!
Vi por acaso, achei engraçado, mostrei pra minha filha, começamos a assisti-los no Tiny Desk (com direito a participação do Thundercat) e agora o grupo é forte candidato entre os mais tocados no Spotify no fim de ano.

Travis Scott
O maior show de rock da atualidade!

Queria ter visto muitos outros shows, mas não rolou. Exemplos: Kraftwerk, Missy Elliot, Arca, Amyl and the Sniffers, 

sexta-feira, 11 de abril de 2025

ACHADOS DA SEMANA: Jon Spencer Blues Explosion, Johnny Marr, Bebel Gilberto, Gang Of Four e Jimmy Page & Black Crowes

Jon Spencer Blues Explosion
Jon Spencer veio pro Brasil, então decidi fazer um intensivão dele no Blues Explosion, pegando só o biscoito fino, começando pelo Orange (1995), um clássico do rock alternativo, que soube de forma nada caricata trazer garage rock, guitarra bluesy e atitude punk num álbum energético e criativo. Excelentes canções, performances e gravação. Foda! Now I Got Worry (1996) é uma sequência igualmente poderosa. Mais “blues” ainda. Destaco suas performances vocais típicas de quem decifrou todos os códigos do estilo. Obviamente as boas guitarras também estão lá. Acme (1998) traz um “garage blues alternativo” que aponta pro futuro ao buscar a matéria prima, veja por exemplo a espetacular “Talk About The Blues”. Trabalho bastante criativo (dentro da proposta). Plastic Fang (2002), que o levou pra capa da revista Guitar Player americana, deste modo tendo chegado aos meus ouvidos inicialmente. Adorei na época, escutando na sequência ele parece menos inspirado e mais convencional. Mas ainda é bom. Escutem todos!

Johnny Marr
Boomslang (2004). Até então não tinha me atentado a esse primeiro disco “solo” do Marr (na verdade é ao lado do The Healers, grupo que ele criou que continha o Zak Starkey e o baixista do Kula Shaker). Vi que ele teve resenhas negativas na época, mas eu gostei. Tem ótimos timbres de guitarras, com direito aos mais “pesados” da sua carreira. Nada que o impeça de tocar linhas criativas. Tem algo de psicodelia inserido no contexto do britpop. Eu gostei.

Bebel Gilberto
Tanto Tempo (2000). Um álbum "clássico problemático". Uma releitura da bossa nova pela herdeira do gênero. Nepotismo da indústria. Há muita caricatura, mas passado décadas, podemos reconhecer que ele contribui muito para experiências sonoras dentro da música eletrônica e do rock alternativo quando esses pretendem embutir climas lounges-brazucas no seu som. Se a voz da Bebel Gilberto não é grande coisa, por sua vez, a interação entre a instrumentação orgânica da bossa nova (performada por nomes como João Parahyba, Celso Fonseca, Marcos Suzano, Luiz do Monte) e sonoridades eletrônicas (via as mãos do Suba e Amon Tobi) é de êxito inegável. Passado o hype, vale ouvir e admirar suas belas texturas e cores.

Gang Of Four
Soube da morte do Dave Allen, excepcional baixista do Gang Of Four, e fui imediatamente reouvir o Solid Gold (1981), álbum subestimando, quase tão bom quanto o clássico debut. Tão grooveado quanto pancada. É escutar e lembrar de inúmeras bandas que beberam dessa fonte.

Jimmy Page & Black Crowes
A parceria tá fazendo 25 anos, com direito a relançamento do disco ao vivo. Fui reouvir depois de muito tempo e desejei profundamente uma nova tour. Imagine assistir isso no Brasil. Sonho impossível?

segunda-feira, 31 de março de 2025

Pitacos sobre o Lollapalooza

Não fui no festival. Mas vi alguns shows pela TV, de forma que quero deixar registrado aqui algumas impressões que tive.

SEXTA

- Só vi a Olivia Rodrigo. Queria ter assistido o Caribou e o Dead Fish, mas acho que nem transmitiram. Adorei o show da Olivia. É jovem, rockeiro, divertido, despojado, tem boas canções (dentro do que ela se propõe), a banda (só de mulheres) é ótima (e representativa)... Falaram que faltou fôlego pra Olivia, mas acho que ela soa espontânea e energética na performance, sem grande compromisso em ser impecável (e, com isso, abrindo mão do playback). Uma das apresentações com mais destaques dado a guitarra. Adoraria ter assistido com minha filhinha.

SABÁDO

- Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo fez um showzão, mesmo quando tocando mal, mesmo quando aparentando certa tosquisse. É o "ruim" que dá certo. As canções são boas, a performance é espontânea e o carisma transbordante. Bem legal.

- Dá tristeza ver a Marina Lima. Mas não vou ficar batendo não, vocês já sabem os problemas.

- Todo ano surge um Benson Boone da vida né. Esse tem bom alcance vocal, braços malhados e curte dar uns mortais. As canções são qualquer coisa. A influência do Freddie Mercury é nítida, embora ele seja apenas um fruto podre vindo de uma bela árvore. 

- Eu até ensaie gostar da Alanis Morissete, mas não dá. E olha que a banda dela é ótima hein. Mas a performance vocal (meio Eddie Vedder de saias, talvez até pior), a presença de palco (pra onde ela vai que não para quieta?) e, principalmente, as canções não me pegam. Acontece.

- Shawn Mendes tem algo de John Mayer encontra o Bruce Springsteen. Isso tirando todas as coisas boas que poderia sair desse cruzamento. Ao menos ele é bonitão mesmo. Não é pra mim, honestamente sequer dei atenção.

DOMINGO

- Gosto muito do Terno Rei, mas eles parecem sempre no piloto automático. Talvez seja o clima de fim de turnê. Aguardando o novo disco.

- Tinha uma imagem mais "glamorosa" do que seria a apresentação do Michael Kiwanuka. Não sei se é sempre assim, mas os arranjos soaram bem mais enxutos ao vivo, obviamente por não conter as orquestrações presentes nos discos (sequer em teclados ou VST). Ao menos soou organicamente competente. Fora que as canções são boas, sua voz é maravilhosa e a banda redondinha. Foi um bom show, que seria melhor ainda num espaço menor.

- Eu sei, eles são divertidos, são jovens, são latinos, a apresentação no Tiny Desk é divertida... mas acho as canções do Ca7riel & Paco Amoroso ultra genéricas. No caso deles rola um carisma confundido com competência.

- Um amigo veio de BH pra São Paulo pra conferir o shows do Parcels. Não conhecia, então fui conferir. Achei um porre. Groove de plástico, quase que como um Chic esbranquiçado. Performance insossa e canções sem brilho. Pela impressão que essa apresentação me deixou, não devo gostar nada dos discos.

- Não dá pra assistir Foster The People. Um dia já foram bons? Não me lembro. Eles revezam com Cage The Elephant presença no Lolla, não? Acho mais ralo que café de orfanato.

- Tirei do Foster The People e botei no Bush, banda que nunca gostei, mas a troca foi da água pro vinho (mais por demérito do Foster). Que bons timbres eles tiram no palco hein. Adorei os sons de guitarra e a performance segura do baterista. Vale dizer que fui fazer uma breve pesquisa sobre eles e vi que o segundo disco é produzido pelo Steve Albini. Acho que vou ter que ouvi-lo. 

- O Bush gerou o Creed e o Nickelback. Mas lembrem-se, o verdadeiro culpado é o Pearl Jam (mais uma vez). 

- Teve uma música ali do Bush (acho que "Swallowed") que o rapaz cantou a cappella que conseguiu deixar pior do que é. Por que fazer isso, ainda mais num festival? 

- A apresentação do Tool foi COISA SÉRIA. Melhor do que eu esperava. Mesmo com aquela transmissão aberta, sem focar nos instrumentistas, ainda assim fiquei preso na apresentação. A ótima qualidade do som da transmissão ajudou. Que performances estupenda! A cozinha é perfeita, mas quem saltou aos meus ouvidos foi o Adam Jones. Timbrões, performance segura, texturas criativas... tremendo guitarrista. O Maynard também não decepcionou. Por um instante invejei quem foi (depois pensei no valor, na distância, em ficar de pé... fui dormir em paz). 

- Esse batera novo do Sepultura o que tem de bom tem de sem sal né? Mas tudo bem, foi contratado no susto, foi uma bola na fogueira. É um jovem talento mesmo. De resto, apresentação mais do mesmo. Sempre foram ótimos em cima do palco. A organização poderia ter separado um tempo maior para eles, não?

- Essa Charlotte de Witte parece ser uma ótima DJ. Não conhecia, mas adorei o que ouvi. Um techno encorpado. Vou procurar. Obrigado Justin Timberlake por não autorizar a transmissão e me permitir conhece-la.

sábado, 29 de março de 2025

ACHADOS DA SEMANA: Pentagram, Pullovers e Evinha

Pentagram 
A banda vai tocar no Brasil e decidi ouvir. Curiosamente, já tinha assistido o espetacular documentário sobre o vocalista/líder Bobby Liebling, mas não lembrava de me debruçar sob os discos. Peguei o Relentless (lançado em 1993, mas com gravações de 1982) e achei espetacular. Sabia que ele era influente dentro do cenário doom/stoner/sludge, só não contava com canções tão poderosas. Timbragem corrosiva e grave, riffs monstruosos e envolventes, performance orgânica…. Tá tudo ali. Adorei. Depois ouvi o First Daze Here, que contém gravações deles na década de 1970 e que revela que em termos de peso e densidade eles não estavam tão longe dos contemporâneos do Black Sabbath. Ouçam. 

Pullovers 
Tudo Que Eu Sempre Sonhei (2009). Na época que saiu não fui pego pelo misto de tristeza, ironia e humor das letras, mas a banda lançou um novo álbum e decidi revisitar o álbum, compreensivelmente querido por muitos, visto que aquilo mesmo que me incomoda, também demonstra carisma e aproximação com o público. Sonoramente é um indie rock bem polido, sem grande criatividade, mas redondo, inclusive na performance e gravação.

Evinha 
Cartão Postal (1971). Esse álbum já tinha ganhado um status cult há algum tempo, mas agora tá na crista da onda por conta dos samples presentes no disco do BK. É uma preciosidade pop, com direção musical do Lindolfo Gaya, a voz cheia de ternura da Evinha e um repertório primoroso assinado por nomes como Roberto & Erasmo, Marcos & Paulo Valle, Taiguara, Beto Guedes, dentre outros.